Ceratocone infantil pode levar à cegueira, alerta especialista

  

Em 10 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Ceratocone, doença ocular caracterizada pelo afinamento progressivo da córnea, fazendo com que o tecido assuma a forma de um cone. Essa condição oftalmológica não escolhe idade, afetando tanto adultos quanto crianças. O ceratocone infantil, embora menos frequente, é uma das causas mais comuns por trás dos transplantes de córnea em crianças no Brasil, representando aproximadamente 15 a 20% de todos os transplantes desse tipo realizados nessa faixa etária. De acordo com um levantamento da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), durante os primeiros 90 dias de 2023, mais de uma criança por dia foi registrada na lista de espera por um transplante de córnea.


A Dra. Giovanna Marchezine, oftalmopediatra do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), observa que, nos pacientes pediátricos, a progressão do ceracotone tende a ser mais acentuada e rápida, sendo muitas vezes diagnosticado em estágios avançados. “Os casos que se iniciam na infância frequentemente apresentam uma evolução mais agressiva em comparação com aqueles que se manifestam mais tardiamente. Identificar o ceratocone em estágios iniciais da doença é muito importante para prevenir deficiências visuais graves”, alerta a médica. Essa rápida progressão aumenta o risco de necessidade de transplante de córnea em até sete vezes.


O diagnóstico de ceratocone em crianças costuma ocorrer tardiamente devido à falta de queixas funcionais, especialmente em crianças com menos de 8 anos de idade. Crianças com quadros graves de alergia podem apresentar sinais de ceratocone já na infância. Por isso, é importante que os pais fiquem atentos: “Os principais sintomas da doença estão na dificuldade de nitidez da visão. Mudança brusca de grau (principalmente aumento do astigmatismo), baixa de visão que não melhora totalmente com o uso de óculos, e dificuldade de visão noturna são os sintomas mais relatados. Há também o risco de atingir os dois olhos de maneira assimétrica, afetando mais um olho do que o outro”, esclarece Giovanna. 


O ceracotone pode ser diagnosticado com exames que avaliam a curvatura e espessura corneanas, como a topografia (ou ceratoscopia) de córnea e a tomografia de córnea. “O tratamento é feito com óculos, lentes de contato gelatinosas ou rígidas. Em casos mais graves ou quando as lentes rígidas não são toleradas, são considerados procedimentos cirúrgicos para reduzir o formato de cone da córnea”, explica.


As causas do ceratocone continuam sendo um enigma para a comunidade médica, embora uma série de fatores, incluindo predisposição genética e maus hábitos, como o ato de esfregar os olhos com frequência, tenham sido identificados como possíveis influências. “Conscientizar os pequenos e seus pais sobre a importância de evitar o hábito de coçar os olhos é crucial, pois esse comportamento pode acelerar a progressão da doença. À medida que o ceratocone avança, o uso de óculos pode não ser mais suficiente”, alerta a oftalmopediatra. A prevenção e o tratamento precoce desempenham um papel essencial na preservação da visão e na melhoria da qualidade de vida das crianças afetadas pelo ceratocone infantil.

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