
Ofício foi encaminhado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública
Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil | Edição:        Aline Leal
      O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da        Presidência (Secom), Paulo Pimenta, pediu nesta terça-feira (7) a        abertura de investigação de influenciadores digitais e contas em        redes sociais na internet que vêm disseminando informações falsas        sobre o trabalho de resgate de pessoas e sobre a recuperação dos        estragos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Em ofício        enviado ao ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança        Pública, Pimenta cita "narrativas desinformativas e criminosas"        que causam impacto no aprofundamento da crise social vivida pela        população gaúcha.
      Leia o ofício: sei_5724719_oficio_119.pdf          (ebc.com.br)
      "Os conteúdos afirmam que o Governo Federal não estaria        ajudando a população, de que a FAB [Força Aérea Brasileira] não        teria agilidade e que o Exército e a PRF [Polícia Rodoviária        Federal] estariam impedindo caminhões de auxílio. Destaco com        preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade das        instituições como o Exército, FAB, PRF e ministérios, que são        cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades        pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta        do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em        momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para        proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente        a tais crises", diz o ofício.
      O documento lista uma série de postagens que viralizaram nas        redes sociais. Entre elas, um vídeo publicado no último domingo        (5), na plataforma X, pelo influenciador Pablo Marçal, que veicula        conteúdo desinformativo em sobre a atuação do poder público em        relação aos desastres ambientais ocorridos no Rio Grande do Sul.        Dentre as afirmações contidas no vídeo, estão que "a Secretaria da        Fazenda do estado está barrando os caminhões de doação", "não        estão deixando distribuir comida, marmita" e que "esse é ano        político, a mídia não vai mostrar direito o que tá acontecendo,        entendeu? Por causa dos políticos". As informações já foram        desmentidas pelas pasta.
      A mesma notícia falsa foi compartilhada pelo senador Cleitinho        Azevedo (Republicanos-MG), em plataformas como Instagram e X.        Outras postagens envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro        (PL-SP), o jornalista Thiago Asmar, o influenciador Leandro        Ruschel, a influenciadora Fernanda Salles, além de contas como        Pavão Misterious e Tumulto BR, são descritas no ofício enviado por        Paulo Pimenta. O ministro pede a apuração dos ilícitos ou        eventuais crimes relacionados à disseminação de desinformação, bem        como a individualização de condutas das pessoas envolvidas.
      Mais cedo, no Palácio do Planalto, Paulo Pimenta demonstrou        indignação com o impacto das notícias falsas no trabalho de        resgate realizado no Rio Grande Sul.
      "Eu acho uma sacanagem. Tem gente trabalhando 24 horas por dia,        quatro dias sem dormir, pessoas colocando a vida em risco para        salvar outras. Enquanto isso, tem uma indústria de fake news        alimentada por parlamentares, por influencers, por pessoas que se        dedicam a atrapalhar o esforço que está sendo feito para salvar        vidas", afirmou. Pimenta classificou a situação como uma guerra        para encontrar pessoas que ainda estão ilhadas e chamou os        propagadores de notícias falsas de traidores.
      "Se é verdade que nós estamos numa guerra, que tem como        objetivo principal encontrar pessoas que ainda estão ilhadas e ter        forças para apoiar milhares de pessoas que perderam tudo, que        estão em abrigos, quem age contra nós deve ser tratado como quinta        coluna, palavra que a gente usa contra traidores em tempos de        guerra. E quinta coluna tem que ser tratado como criminoso",        afirmou em entrevista a jornalistas na tarde de hoje.
      Envio de segurança
      Paulo Pimenta também falou sobre a ocorrência de saques e        crimes, inclusive em abrigos públicos, além de roubos e furtos de        embarcações e motos aquáticas (jet-ski), que estão sendo usadas no        resgate. De acordo com o ministro, o governo federal deve enviar        mais agentes da Força Nacional de Segurança para apoiar o        policiamento no estado, uma demanda dos prefeitos, especialmente        na região metropolitana de Porto Alegre. O governo do Rio Grande        do Sul solicitou o envio de ao menos 400 integrantes da Força        Nacional nos próximos dias.  
      Ao todo, quase 50 mil pessoas estão alojadas em centenas de        abrigos em todo o estado. Muitos dos abrigos estão sem água para        higiene pessoal e demandam ao menos 150 mil refeições por dia,        informou o ministro. "Os abrigos vão permanecer [por um longo        tempo]. Esse trabalho não vai parar hoje", observou Paulo Pimenta.        Ainda segundo o ministro, citando as enchentes de 1941, o Rio        Guaíba pode levar de dois a três meses para baixar para da cota de        alagamento, que é de 3 metros. Dados divulgados hoje pelo Centro        Integrado de Coordenação de Serviços mostra que a altura atual do        Guaíba está em 5,26 metros.
    




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