Crescimento reflete confiança das construtoras e efeito de novas faixas do MCMV; especialistas destacam atratividade dos imóveis na planta e expectativa de melhora econômica
O mercado imobiliário brasileiro registrou crescimento expressivo de 23,4% nos lançamentos de imóveis entre fevereiro de 2024 e janeiro de 2025, segundo levantamento da Abrainc em parceria com a Fipe. O avanço foi puxado especialmente pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que respondeu por boa parte da expansão. No segmento, os lançamentos cresceram 29,7% em número de unidades e 29,6% em valor.
Já o mercado de Médio e Alto Padrão (MAP) também demonstrou vigor, com alta de 5,5% nas unidades lançadas e de 20% no valor dos empreendimentos. No total, o valor real dos lançamentos subiu 22,2%, reflexo da demanda aquecida e da confiança das incorporadoras.
O especialista em mercado imobiliário, Daniel Claudino, explica que: “É importante destacar que estamos tratando especificamente de empresas de lançamentos imobiliários, também conhecidos como venda de imóveis na planta ou em construção. Ou seja, trata-se de imóveis que são vendidos com entrada e em prestações mais amigáveis do que comprar um imóvel pronto hoje no Brasil, cuja entrada é de 30% a 50%, e os juros seguem o ritmo próximo da Selic”, afirma.
Para Claudino, os dados mostram a resiliência do setor. “É natural que lançamentos imobiliários se tornem uma válvula de escape para quem pretende comprar um imóvel para moradia ou investimento neste cenário. Outro ponto que cabe esclarecer é a diferença entre 'lançamentos de imóveis', que subiu 23,4%, e 'vendas de imóveis em lançamento', que subiu 13,3% em 12 meses. O primeiro índice demonstra a confiança ainda resiliente das maiores construtoras do Brasil, que continuam lançando novos empreendimentos, e o segundo mostra que o Brasil ainda possui confiança no setor e por sua demografia atual (que mantém boa parte da população na faixa produtiva da economia)”, diz.
O corretor de imóveis e CEO do CIMI360, Heitor Kuser, também destaca a força do programa habitacional como motor do crescimento. “O volume de lançamentos vai continuar crescendo, especialmente depois desse incremento do Minha Casa Minha Vida por uma faixa de quem ganha até R$ 12 mil, que era o grande problema, o grande vácuo de financiamento imobiliário no Brasil, era para a classe média, imóveis a partir de R$ 500 mil até R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão”, afirma.
Segundo ele, o cenário favorece as incorporadoras mesmo diante de juros elevados. “Lançamento, você lança hoje um imóvel e ele vai ser entregue daqui a dois, três anos. Então o fato de os juros estarem altos, o crédito está complicado, não impede o lançamento, porque a expectativa é que daqui a dois ou três anos a economia melhore”, completa.
Além do aquecimento da demanda, o setor lida com estoques em níveis saudáveis: hoje, o volume representa cerca de 11,8 meses de consumo. A oferta de imóveis MAP está em 13,1 meses e, no MCMV, 11,7 meses, patamares considerados sustentáveis para o equilíbrio do mercado.
Para Daniel Claudino, o cenário é fruto de políticas de crédito e da evolução da qualidade dos empreendimentos. “As altas vieram pelo esforço do governo em manter boas linhas de crédito no segmento econômico (MCMV) e pelo alto padrão, que ganhou muito em qualidade no Brasil”, finaliza.