Projeto Voz Ativa leva inteligência artificial e jogos digitais a escolas públicas do DF para combater evasão e desigualdade

Iniciativa inédita do Instituto MultipliCidades, com apoio do MCTI e da Secretaria de Educação do DF, transforma mais de 70 escolas em laboratórios de inovação, escuta ativa e políticas públicas orientadas por dados.




Um novo modelo de escola pública está em curso no Distrito Federal. Por meio do Projeto Voz Ativa, mais de 70 escolas da rede pública estão se tornando laboratórios vivos de escuta ativa, inovação digital e formulação de políticas públicas orientadas por dados. A iniciativa é do Instituto MultipliCidades, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e com apoio da Secretaria de Educação do DF, e já conta com um investimento de R$ 5,4 milhões.

A proposta pioneira utiliza inteligência artificial (IA), jogos digitais e análise de dados em larga escala para mapear o clima emocional das escolas, identificar riscos de evasão escolar e traçar um panorama das desigualdades, violências e sentimentos expressos pelos estudantes — tudo de forma anônima, segura e personalizada.

“O Voz Ativa nasce para enfrentar um problema que já conhecemos bem: a lentidão, a baixa participação social e a pouca eficiência na produção de políticas públicas. Ao incorporar tecnologias como gamificação e IA, queremos transformar esse processo em algo dinâmico, participativo e orientado por dados reais”, destaca Cristiane Pereira, presidente do Instituto MultipliCidades.

Um diário emocional digital

O grande diferencial do projeto é a aplicação de jogos digitais que funcionam como uma espécie de diário emocional gamificado, onde os estudantes são convidados a expressar sentimentos sobre temas sensíveis como saúde mental, bullying, insegurança e abandono escolar. Esses dados são processados por uma IA preditiva que aprende com os padrões de resposta dos alunos e sugere novos caminhos investigativos.

“Nossa inteligência artificial oferece ao educador uma fotografia real da turma. Ela identifica padrões emocionais, riscos e percepções que muitas vezes passam despercebidos”, explica Alysson Sanches, especialista em tecnologia do projeto.

Política pública baseada em dados reais

Além de fortalecer o trabalho pedagógico e emocional nas escolas, o Voz Ativa integra uma rede intersetorial, conectando educação, saúde, assistência social e segurança pública. Quando o sistema detecta sinais de risco à permanência escolar, como apatia, ansiedade ou relatos de violência, os CRAS e CREAS podem ser acionados de forma preventiva, evitando que os alunos abandonem os estudos.

O projeto ainda prevê a produção de relatórios individualizados por escola, regional e turma, o que é inédito no Brasil e pode redefinir a forma como se elaboram políticas públicas educacionais com base em evidências.

Tecnologia com foco social e expansão nacional

Com uma metodologia escalável e sensível às particularidades de cada território, o Projeto Voz Ativa já prepara sua expansão para outras regiões do País.

“Mais do que uma plataforma tecnológica, o Voz Ativa é uma proposta de transformação da cultura educacional. A escola deixa de ser apenas um espaço de ensino e se torna um termômetro da sociedade, capaz de antecipar e responder a crises humanas e sociais”, conclui Alysson.

A experiência do Distrito Federal pode se tornar referência nacional em uso ético da tecnologia para promoção da equidade, da saúde emocional e do combate à evasão escolar.

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